quarta-feira, 6 de maio de 2015

Oliveira

Oliveira


A sua cor era a da canela-oliva, vinhera de Vigo, o seu nome era Oliveira. O homem conhecera-a num café onde as mulheres bailavam entre elas tangos. Naquela mesma tarde ameiroara-a com um gato vermelho de meninhas púrpuras e perpendiculares. Juntos festejárom o seu encontro no dormitório de cristais azuis até o mencer. Desde aquela habitavam um noutro como se fossem um só corpo.
—Nunca ouvim cantar os teus olhos. Comentou-lhe a mulher.
Ele ergueu-se e chimpou-se na piscina desportiva do quarto e fizo uns longos até complementar os seis quilómetros. Ao sair começou a cantarolar as baladas etruscas que conhecera com o seu pai na taberna de Euleuterio, antigo chofer de Al Capone. Os seus olhos abrírom-se como lumieiras para contemplar a Oda, antiga odalisca do Sultám de Ispaha. Oliveira, espida começou a dançar, o seu corpo parecesse esculpido só para interpretar os cantos de Artabro.
—Nom deixes de cantar, meu amor. Demandou a bailarina.
Os pinheiros rumorosos conformárom a grande orquestra de jazz e as penedias faziam coro com os seus murmúrios. O corpo nu no seu dançar converteu-se no arco da velha mais fermoso que pudesse ser visto, enquanto o recendo salgado das algas marinhas enchia  o universo do salom. Um unicórnio afgano, todo preto, servia vinho branco nos copos das perlas do rocio. Nem os diamantes de Ubuntu possuíam tanto fulgor como havia naquele cristal de orvalho onde barquinhos de papel iniciárom a navegaçom oceânica, todos eles tinham nome de mulher...

(Publicado em Elipse núm. 2, fevereiro de 2014)

José Alberte Corral (A Corunha, 1946. Galiza)
Criou-se na bairro de Monte Alto, na Corunha, jogando entre casas de um andar e ruas alegres e luminosas. Logo, saiu trabalhar e deu en Venezuela. Participou na fundação da Agrupaçom Cultural o Facho e militou em organizações clandestinas contra o franquismo, até fugir para o Chile de Allende, Argentina e Venezuela.
Publicou Del amor y la memoria, poesia em castelá (1ª ed.: Ateneo de los Teques-Venezuela; 2ª ed.: Emboscall-Vic) e colaborou com diversos ensaios em distintas revistas de pensamento político em Venezuela. Logo de retormar á Galiza publicou as seguintes obras: Palabra e Memória, poesia (AGAL, Galiza), Acarom da Brêtema, poesia (AGAL, Galiza), Do lusco-fusco, relatos (Baía Ediçons, Galiza), Detrás da palavra, poesia (AGAL, Galiza), Buracos no espelho, relatos (AGAL, Galiza), O livro de barro, poesia (ToxosOutos, Galiza) 

Sem comentários:

Enviar um comentário