O Sol de África
O sol de África, redondo, amarelodeitado nos relevos geométricos
dum djembe que soa ao amencer
tam tam tam tam
A realidade cria sons de madeira
enchoupados na auga dum rio
que às vezes também chora
Os fechados olhos internam-se
na raizame da erva, na terra
nos pés em coiro que caminham
baixo nuvens grises de incerteza
A rota atravessa as árvores robustas
num encadeamento que semelha não ter fim
As vozes de África
vêm envolvidas no tam tam do vento
Refletem laios doutra hora
e desta
O liberado ritmo
acada eco entre os dedos
debuxa bágoas
na face chocolate duma rapariga
infibulada
voa polo celeste céu de África
na tensa pele, folgam as notas duma melodia
duma oração
Uma mãe face de chocolate
intenta amamentar ao seu meninho
com o calostro que deita das suas mamas murchas
caídas
de fome
Sol de África
África negra
África nossa!
Tam tam tam tam tam tam
(Poema recitado no ato África Nossa, publicado em Elipse n.º1)
Cruz Martínez Vilas (Armenteira, 1960. Galiza)
Fundadora de Penúltimo Acto (Acción Poética). Organizadora do ato Círculo Poético Aberto no Café Uf (Vigo). Pertence á Junta Diretiva da Asociación Cultural O Castro de Vigo. Publicou os livros Espelho de mim mesma (Círculo Edições, 2014) e Xerografia em branco e negro (Corpos Editora/Poesia Fã Clube, 2014).
Ganhou, entre outros, o primeiro premio no XXII Certame de Poesía en Lingua Galega Rosalía de Castro, com o poemário Amante tocada pola antropofaxia em 2008, o XXVI Poesía en Lingua Galega Rosalía de Castro, com o poemário Contemplo o proceso inevitábel da despedida em 2012 e o II Certame de Poesía em Língua Galega Manuel María com o poemário O lánguido ocaso dunha dalia. Blog pessoal: No ollar dun bufo verde.
Fundadora de Penúltimo Acto (Acción Poética). Organizadora do ato Círculo Poético Aberto no Café Uf (Vigo). Pertence á Junta Diretiva da Asociación Cultural O Castro de Vigo. Publicou os livros Espelho de mim mesma (Círculo Edições, 2014) e Xerografia em branco e negro (Corpos Editora/Poesia Fã Clube, 2014).
Ganhou, entre outros, o primeiro premio no XXII Certame de Poesía en Lingua Galega Rosalía de Castro, com o poemário Amante tocada pola antropofaxia em 2008, o XXVI Poesía en Lingua Galega Rosalía de Castro, com o poemário Contemplo o proceso inevitábel da despedida em 2012 e o II Certame de Poesía em Língua Galega Manuel María com o poemário O lánguido ocaso dunha dalia. Blog pessoal: No ollar dun bufo verde.