quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Tempo fugidio

Tempo fugidio

Quigeches abrir bem a mao
com grandes ansias por atingir
brilhos que te deslumbravam
poder com o que te seduziam
riqueças que te fascinavam
mais umha mao precisaches
numha já nom tinha cabimento
tudo aquilo que cobiçavas
mas rápido caminha o tempo
nom há  maos que o dé parado
nem por muita vassalagem
a morte fuge do teu lado
e quando a vida se extinguir
ninguém sentirá tua ausência
pois do que cá ficou
outros derom boa conta
de ti só há permanecer
o corpo que  após inhumado
já cheira porque apodrece
nem umha flor nem um beijo
querem os vermes nojentos
nem riqueças que o vento leva
nem maos agora valeiras
coraçons generosos e dignos
som os que prendem  na terra
latejam  forte e se nutrem
do amor, vida e humildade.

Belem Grandal (Galiza).
Esta permanente aprendiz de escritora desenvolveu ao longo do tempo um vínculo muito forte e permanente com a Galiza, sua Pátria, e com a sua cultura e a expressom fundamental desta, sua lingua, como dous referentes fundamentais que determinam seu  acontecer quotidiano. Dous aspetos da mesma realidade que alimentam e nutrem a sua existência e sem os quais nom teria qualquer sentido a vida quer no âmbito individual quer no social.  Porque qualquer auto-ódio à Pátria, qualquer menospreço à cultura e qualquer despreço pola lingua nom som mais do que síntomas da baixeza moral e inteletual dum povo, da_sua_minoridade, da sua ignomínia, enfim, da sua falta de dignidade. Porém, malia morar longe da_sua_Pátria, jamais renunciará às suas origens, a sua identidade, além de levar consigo com orgulho à_pertença a_umha_comunidade que desde há muitos séculos tem o firme convencimento de que é preciso atingirmos umha soberania e independência real para nossa naçom só através dumha mudança total deste injusto sistema que até o de agora impediu nossa libertaçom.
(Públicado em Elipse núm. 3)
 

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